Pages

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

       O primeiro olhar visto. A primeira pele tocada. O primeiro ar respirado. Após tantos e tantos anos, vejo-o aqui, sempre submerso em seu delírio, acreditando que um dia sua vida mudará. É fiel a qualquer sentido, inocente como um pássaro, corre para se salvar do gigante que vem nos afoitar.
       Não sou eu quem decidirá seu futuro, crê ele, pobre jovem que não sabe onde está. Acredita que esta envolvido em um destino com apenas um mestre. E que mestre! Nunca o viu ou ouviu, mas sabe que ele está lá, apenas esperando o mundo acabar.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

O mundo parece tão parado. Não se observa mais pessoas correndo, elas mal andam. Tudo é dominado pelos carros e pela fumaça, que cobre nossos olhos da imensa realidade. Verdade essa, que não queremos saber. Não porque não podemos, mas sim porque as grandes cabeças do mundo nos fazem pensar que são chatas.

O capital cai como chuva para todas as indústrias. Os filmes já não tem mais emoção, todos parecem tão iguais, programados para rirmos ou nos assustarmos na hora certa. Não existe mais aquela sensação de novo, tudo é muito igual, parado e chato, mas para os nossos enganados olhos tudo é novidade.


Não temos mais controle sobre nada. Impõe-nos que roupas vestiremos, como andaremos e até o que vamos comer. Escolhem nossas crenças e nos fazem acreditar que tudo está perfeito, e que um dia, não se sabe quando, estaremos salvos de tudo. E como uma boa ditadura não podemos em nada questionar, não podemos ouvir, ver e muito menos falar, apenas temos que abaixar a cabeça e continuar seguindo as ordens. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

          Não me leve, não fuja, fique aqui, brinque com o doce do mar e o quente do inverno. Eu sei que aí fora deve estar frio, e que as folhas caem como nunca, a chuva ameaça aparecer e a terra já é lama, mas você continua aí, a brincar com seus amigos imaginários, fingindo que é Deus.
          Corra, pequeno pássaro amarelo de listras azuis e com olhos vermelhos, Deus está vindo decidir seu destino, voe e voe, o mais rápido que puder, antes que Ele corte todas suas asas. Ele pode apenas fingir, mas no fundo todos nós sabemos que é, Ele nos comandando como marionetes, nós somos seus brinquedos e ele nosso ventriloco.
         Estamos dispostos a gritar e correr pela grama por Ele, mas o que queremos é ser livre, livre de guerras e de passarinhos sem asas. Protestamos pelas nossas asas, mas Ele apenas continua lá na chuva quente do inverno, brincando de Deus.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Rosas amargas

Depois de um tempo sem ter o que nunca teve, é que se percebe que, na verdade, aquele poder, aquele dom, aquela alma nunca foi sua, você nunca teve o dom, o privilégio. Reconhece que tua palavra não basta e tua alma canta para se ter de volta aquilo que sempre foi teu.         
O campo de flores morrendo, não foi sua culpa, ela s não estão perdendo a vida à toa. Enquanto sua alma se vai, o mundo a acompanha, junto de todos os seus aplausos e elogios, aquelas rosas jogadas já fazem parte de um novo jardim. O seu morto jardim. A sua vontade de ficar não foi o suficiente, o seu dom não conseguiu te acompanhar, você foi rápido demais, deixou tudo para trás, inclusive o amor.

Lembra-se do amor, lembra-se dos dias em que você saia por aí aclamando o seu amor pelo seu maior bem, lembra? Creio que sim, Não te desmereço por isso, sei que foi necessária essa sua corrida, mas valeu a pena perder o seu bem mais precioso? Não, eu sei que não, sei que ainda rega aquele jardim lotado de rosas mortas, com a esperança de um dia, talvez, você volte a ser o que era. 

domingo, 17 de agosto de 2014

Apenas sem título

Adentrei no tão esperado espaço, porém o sofá de veludo vermelho já não estava mais ali em baixo do lustre, nem o lustre estava, algumas luzes que piscavam sem cessar o substituíam, e no lugar do sofá havia uma multidão gritando e sem saber o que fazer. Tudo estava tão confuso.
Há meses nada faz sentido, nunca mais vi a grama ou o céu azul, muito menos as salas limpas e vazias. Agora eu apenas via nuvens, alguns rostos semelhantes, mas não iguais, e as salas, bom elas estavam cheias agora. Nunca mais vou poder me queixar, sinto falta daquele vazio, e da sensação de que tudo poderia ser meu.

Em algum lugar no mundo ainda posso ouvir os sinos estridentes que tanto me perturbaram, agora eles eram apenas boas lembranças, nem os pássaros cantando não posso mais ouvir. E aquelas pessoas sem rumo que perambulavam todos os dias ao meu lado, agora elas sumiram, talvez tenham achado o seu rumo, ou não, na verdade eu não sei de nada do que aconteceu, só sei que ir embora foi minha pior decisão, se quer foi uma decisão. Agora estou perdida e não posso mais escutar o barulho do silêncio das árvores e nem ver as tempestades que tanto me acalmavam.  

sexta-feira, 9 de maio de 2014


E como uma garotinha que aprende a colher maças antes de ficarem vermelhas, eu aprendi a guardar os sonhos antes que eles virassem flores.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sempre procurei pela resposta. Mas que resposta? Procuro por algo do qual ainda não se tem conhecimento, procuro por aquela resposta que ainda não sei a pergunta. Há dias venho tentando descobrir o verdadeiro rumo de tudo. Perguntei-me para aonde as flores iam, mas não obtive respostas.  Fiquei um dia inteiro olhando a grama e o céu, mas ainda não entendi porque o céu é azul e a grama é verde, não poderia ser o contrário?
            Em toda minha vida busquei por esse contrário que as pessoas costumam menosprezar.  Nunca ouvi alguém questionar as nuvens ou conversar com as flores. A maioria ainda pensa que não existe tempo para tal ato, mas então o que seria o tempo? Quem o criou? Talvez o tempo não seja uma regra, e sim um rumo que dão às pessoas desorientadas, talvez não seja obrigatório dormir a noite e permanecer acordado durante o dia. Eu gostaria que não fosse obrigatório dormir.

            Há coisas no mundo que só a nossa mente pode nos responder. Existem coisas que nunca mudaram por falta de questionamento, e coisas que sempre mudam por excesso de dúvidas. O mundo ainda não achou um equilíbrio. Nós apenas tentamos controlar isso com algumas leis, como o tempo, porém já se foi esquecido que o tempo não é de ninguém, e que o céu não pode ser cinza.